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O som do século passado ganha nova vida nas mãos de Timbaland e levanta questões sobre a criação com IA

Atualizado: 22 de jul.


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Algo soa estranho quando se ouve os primeiros acordes e batidas de Timbo Progression. O ataque percussivo, a linha do fraseado de metais e os vocais cantados como um grito de guerra soam como uma banda desconhecida dos anos 70 da Nigéria ou de Gana. Não, nada disso: trata-se, na verdade, do novo álbum de ninguém menos que Timbaland – o renomado produtor estadunidense, conhecido por moldar a sonoridade do rap dos anos 90 em trabalhos com artistas do quilate de Missy Elliot.


Simpático ao uso da inteligência artificial para criação musical, é bem possível que o artista tenha se apropriado da tecnologia para fazer o álbum. Parece improvável que ela tenha conseguido emular com tamanha precisão uma sonoridade de 50 anos atrás sem uma ajudinha das ferramentas da IA. Em entrevista à Rolling Stone publicada em março, semanas antes do lançamento de Timbo Progression, ele declarou: “Deus apresentou essa ferramenta para mim”. Além disso, é de se suspeitar o fato dos músicos e cantores que aparecem no álbum não serem creditados.

 

A discussão ética e maiores detalhes sobre a produção do álbum devem vir à tona nas próximas semanas. Enquanto não se elucida como Timbaland chegou a esse resultado, é preciso reconhecer que o trabalho é absolutamente instigante e se conecta com uma produção pouco conhecida de artistas e bandas dos anos 70 como Marijata (de Gana), El Rego (Benim) e Peter King (Nigéria). Ainda há muito para se descobrir sobre o afrofunk, gênero que reverberou muito pouco para além da África.


O tempo dirá se Timbo Progression merece aplausos por lançar luz sobre essa produção com a criatividade afrofuturista de seu autor ou se afundará na lama do esquecimento por abdicar do mínimo de humanidade que se espera de uma obra musical assinada por um artista de renome. Por enquanto, a audição é inspiradora – e não é pouco!


Timbo Progression

Timbaland

Mosley Music

Nota 8,5


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