O piano inventivo de Bud Powell
- Mario Mele
- 8 de ago.
- 2 min de leitura
Sons que revelam a alma complexa de um pianista que ousou e inovou
Prodígio do Harlem (NYC), Bud Powell brilhou como um dos arquitetos do bebop ao piano — ainda que sua vida tenha sido marcada por internações, perdas de memória e uma luta constante contra distúrbios mentais e o alcoolismo. Entre a genialidade e a fragilidade, deixou gravações que ainda atravessam o tempo com a força de quem ajudou a moldar a história do jazz moderno. Nesta seleção, reunimos faixas de diferentes momentos de sua trajetória, da fase parisiense ao lendário concerto no Massey Hall. Em comum, o piano inventivo e o fraseado único de Powell.
1. Marmalade – Powell está em uma forma surpreendente durante toda a sessão gravada em NY, quando, para muitos, criou músicas muito superiores às suas gravações posteriores pela Verve.
2. Monopoly – Gravada no estúdio da Blue Note durante as sessões de Time Waits: The Amazing Bud Powell, Vol. 4, em 1958, em Nova York. A faixa apresenta um tema de compasso constante, onde Powell conduz o piano com clareza e objetividade.
3. Tea for Two – Velocidade também era com Powell, que aqui está acompanhado por Ray Brown, no baixo, e Buddy Rich, na bateria.
4. Oblivion – Composição própria, é uma das peças mais introspectivas do pianista. Em pouco mais de dois minutos, sua habilidade está evidente.
5. Sure Thing – Tema intenso que revela suas influências africanas e latinas, claro, filtradas por seu estilo muito pessoal.
6. I Want to Be Happy – Powell acelera o andamento e re-harmoniza brilhantemente.
7. I’ve Got You Under My Skin – Parte de um show de 1953. O solo de Powell caminha sobre a melodia com segurança.
8. There Will Never Be Another You – Standard gravado em Paris. Powell parece evitar firulas e constrói um solo próximo ao tema.
9. Monk’s Mood – Uma homenagem ao amigo e incentivador, Thelonious Monk. A interpretação, no entanto, não tenta imitar Monk – é mais Powell dentro de seu próprio caminho dentro da linguagem do pianista que lhe ensinou sobre harmonia.
10. Jeannine – Gravada em Paris em 1961, com Don Byas e Idrees Sulieman, sob produção de Cannonball Adderley. Apesar do nome do álbum sugerir um tributo a Adderley, o foco é a reunião de grandes músicos, inclusive do sopro.
11. All the Things You Are – Standard que Powell revisitou algumas vezes. Nessa versão, ele explora o tema com elegância e segurança, sem exagerar nos voicings ou quebrar muito o tempo.
12. Time Waits – Apesar de uma vida conturbada, essa balada mostra que Powell tinha muito sentimento para compor e interpretar. Belíssima!











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