Ivo Perelman: tudo ou nada
- Mario Mele
- 15 de ago.
- 2 min de leitura
O saxofonista que não quer tocar nada que já tenha sido tocado
Em 2025, Ivo Perelman, saxofonista brasileiro que há décadas vive nos Estados Unidos, lançou Armageddon Flower, nada mais nada menos do que o seu 134° álbum! Isso mesmo. Dessa vez, mesmo dizendo ter chegado à perfeição, ele define esse trabalho como “um desentrosamento crescente”. Isso não soa paradoxal, pelo menos para Perelman: quando ele entra para uma jam ou para gravar mais um álbum, “nunca quer tocar nada que já tenha sido tocado, nada que se pareça com alguma harmonia, som ou timbre conhecido, porque isso não lhe dá prazer”. Sua música é a mais pura abstração. Segundo ele, um modus operandi que é “tudo ou é nada”. “Ou eu me entrego, sangro até a última gota, ou não vou gravar”, afirma com convicção.
Entregue-se — se for capaz — de corpo e alma a esta playlist que é pura inspiração do presente.
1. Armageddon Flower – Abstração sonora inegável, mas na mais pura interação.
2. Introspection – Na primeira década deste século, Ivo Perelman já adorava se comunicar com suas próprias "palavras".
3. Paul Klee – Expressionismo, cubismo, surrealismo? Perelman, que também é artista plástico, aqui pinta ambientes sonoros com muita personalidade.
4. Living Jelly – Texturas sonoras fluídas e mutáveis, com um sax que tenta dizer - e diz - frases nunca antes pronunciadas.
5. The Hour of the Star – A narrativa musical de Perelman soando única e profunda como sempre.
6. One – O fraseado limpo e criativo de Perelman em quase 8 minutos de inventividade.
7. Duet #9 – Performance intimista e abstrata (claro!) entre piano (Matthew Shipp) e sax.
8. Virginia – Faixa do álbum A Violent Dose of Anything, gravado em 2013 em Nova York: não espere de Perelman nada além do que o inesperado.
9. The Edge – O estilo genuíno de Perelman, improvisando "à beira do precipício".
10. Irresistible Incarnation – Se levarmos ao pé da letra o título, este é um tema que expressa a transformação ou um surgimento inevitável.
11. Nesta Rua – Perelman se junta a Airto Moreira e Flora Purim e resgatam o clássico Se Essa Rua Fosse Minha, composta nos anos 1930 por Mario Lago e Roberto Martins, que há tempos soa folclórica.
12. Serendipity – Uma faixa única de 43 minutos, totalmente livre. Um solo coletivo que mistura fúria e transcendência, referenciando o espírito de John Coltrane em expressão.
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