Azymuth celebra 50 anos de estreia com novo álbum de estúdio
- Alexandre Duarte

- 22 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de set.

Há 50 anos, chegava aos ouvidos de todo entusiasta atento de música o primeiro disco da banda Azymuth, de 1975. Longe do lugar-comum dos trios brasileiros de jazz, os teclados de José Roberto Bertrami, o baixo de Alex Malheiros e a bateria de Ivan "Mamão" Conti traziam um toque moderno e uma fusão inédita à música instrumental brasileira. Privilegiando grooves intensos e texturas espaciais, o grupo se tornou, ao longo dos anos, uma instituição de uma vertente que não foi muito explorada por estes lados: o fusion — mas, no caso, um fusion bem brasileiro.
Investindo novamente nessa mistura entre jazz fusion e samba, o grupo lança seu mais recente álbum, Marca Passo. É o primeiro trabalho de estúdio desde o lançamento, em 2020, do álbum gravado dentro do projeto Jazz Is Dead, de Adrian Younge e Ali Shaheed Muhammad. Na ocasião, a banda ainda contava com o ritmo consistente de Mamão.
Marca Passo traça, além dos 50 anos da carreira discográfica do grupo, a volta após o falecimento de seu baterista original, em 2023. Bertrami já havia morrido em 2012 e, desde então, Kiko Continentino assumiu os teclados fazendo jus ao fundador. Para manter o passo sempre adiante, a banda precisava de um baterista também à altura de Mamão.
Para a missão, foi convocado Renato Massa, que já tocou com Marcos Valle e Ed Motta. O recruta cumpre bem a missão do mestre e se integra sem nenhum prejuízo ao som tão característico do Azymuth. Alex Malheiros, como único integrante original, parece segurar a onda do espírito de uma banda que é uma de nossas vitrines musicais para o mundo.
Lançado pela Far Out Recordings, gravadora inglesa que há anos lança discos de artistas brasileiros antigos e novos, como Hermeto Pascoal, Marcos Resende e Caixa Cubo, Marca Passo traz tudo que um fã do Azymuth e do fusion brasileiro pode esperar. Timbres e texturas ricas de teclados, um baixo groovado e ritmos dançantes que passam pela influência do funk e do samba estão distribuídos em 11 faixas (8 no vinil), que demonstram que o trio estabeleceu uma marca que agrada sem precisar ousar.
Entre as músicas, há uma homenagem ao antigo baterista, “Samba pro Mamão”, o uso potente de vocoder na faixa-título do disco, as texturas espaciais de “Belenzinho” e uma regravação: “Last Summer in Rio”, de Bertrami, do disco Telecommunication (1983), agora em versão que conta com o guitarrista do Incognito, Jean Paul “Bluey” Maunick, como convidado especial.
Assim, o Azymuth presta uma homenagem a seus antigos integrantes, celebra os 50 anos da gravação de seu primeiro álbum e aponta para um futuro respeitando e relembrando seu passado.
Marca Passo
Azymuth
Far Out Recordings
Nota: 7,5











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